Caminhar nos deixa mais saudáveis, felizes e “afia” o cérebro. O neurocientista Shane O´Mara, que acabou de lançar o livro “In praise of walking” (em tradução livre, “Um elogio à caminhada”), garante que o hábito de perambular equivale a liberar superpoderes dentro de nosso corpo. Portanto, para quem se recusa a frequentar uma academia, ele sugere algo simples, mas, ao mesmo tempo, eficiente: calçar um par de tênis confortáveis e sair por aí.
O cerne da tese de O´Mara, professor do Trinity College Dublin, é que o cérebro precisa de movimento para funcionar bem. “Nosso sistema sensorial funciona melhor quando nos movimentamos”, declarou à repórter Amy Fleming, do jornal “The Guardian” – a entrevista, claro, foi dada enquanto eles andavam pela cidade de Dublin. Para ele, é o que mantém ativo o que chama de nosso GPS interno, o “mapa cognitivo” que armazena e organiza as informações.
O entusiasmo pelas caminhadas se relaciona com seus estudos na área de pesquisa experimental do cérebro. Ele ensina que os circuitos cerebrais associados à capacidade de aprendizado, memória e cognição são os mesmos afetados por estresse, depressão e ansiedade – e afirma que, quando estamos em movimento, ondas cerebrais neutralizam esses efeitos negativos. “Apesar de não termos ainda um volume de dados suficiente, é razoável supor que, em determinados casos de lesões no cérebro, haverá grandes benefícios se o paciente puder andar, devidamente supervisionado”, explica.
A atividade aeróbica também estimula os fatores neurotróficos, que são moléculas relacionadas ao crescimento e à sobrevivência dos neurônios. “Você pode pensar neles como fertilizantes moleculares, que aumentam a resiliência para fazer frente ao envelhecimento”, diz O´Mara, que considera um “erro terrível” que o simples ato de caminhar não seja encarado como exercício. “O que precisamos é ser mais ativos ao longo do dia todo”, enfatiza.