Psicopatologia no diagnóstico e tratamento psiquiátrico

Psicopatologia

Psicopatologia é o conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental do ser humano; é o estudo que busca observar, identificar e compreender os diversos elementos da doença mental.

Modelo biopsicossocial

O modelo biopsicossocial ou integral em psicopatologia abre espaço para uma abordagem de atuação multidisciplinar e interdisciplinar em saúde mental. Tal fator mostra-se cada vez mais favorável ao tratamento com foco integrativo e, sobretudo, na profilaxia e cuidados em saúde mental.

Além dos aspectos genéticos e biológicos, essa perspectiva mais ampla engloba os aspectos culturais, socioeconômicos, psicológicos, comportamentais, ocupacionais e ambientais que requerem, claramente, uma abordagem multidisciplinar. Para tanto, apesar dos saberes distintos e complementares, é necessária uma linguagem comum. Uma psicopatologia que englobe todos esses fatores pode ser uma ponte entre as várias áreas envolvidas com saúde mental.

O diagnóstico de transtornos mentais

O diagnóstico de transtornos mentais é feito essencialmente pela psiquiatria, que se vale, principalmente, da psicopatologia e da experiência clínica, além dos parâmetros dos manuais de classificações e diagnósticos dos transtornos mentais. Além de ser essencialmente clínico, o diagnóstico dos transtornos mentais é um processo complexo, envolve uma ampla pesquisa de sintomas e a compreensão da história coletada tanto na observação, durante a entrevista, quanto no relato do indivíduo e, muitas vezes, de seus familiares. Em inúmeros casos, o diagnóstico só pode ser definido pela observação ao longo do curso da alteração mental, para o qual, muitas vezes, pode ser necessário um período de meses ou anos de acompanhamento.

Muito mais do que enquadrar ou rotular as pessoas, o diagnóstico serve para possibilitar uma mesma linguagem e comunicação entre os profissionais de área de saúde mental, ainda que cada área do saber em saúde tenha seus modelos e abordagens distintas. Além disso, também indica a melhor direção para o tratamento e embasa o planejamento dos serviços de saúde.

Tratamento dos transtornos mentais

Em relação ao tratamento dos transtornos mentais, a psicofarmacologia não se mostrou efetiva na prevenção de recaídas, na remissão completa dos sintomas e na recuperação, apesar de ter trazido avanços significativos no tratamento dos transtornos mentais. Estudos que abordam o uso de estratégias não farmacológicas têm demonstrado a eficácia de tratamentos psicológicos e psicoeducativos na prevenção de recaídas, bem como na melhoria dos sintomas subsindrômicos residuais ao tratamento psicofarmacológico.

Não obstante as intervenções biomédicas serem necessárias, o foco do tratamento precisa ser progressivamente deslocado para o cuidado mais amplo, ou seja, precisa envolver o processo do adoecer e a “pessoa” que vive o transtorno. Esse foco requer considerar os estressores psicossociais, tanto os da infância quanto os atuais, os fatores “psicodinâmicos” e os sistêmicos familiares como aspectos fundamentais no tratamento e na manutenção da saúde mental.

Flávio Vervloet