Em entrevista ao Jornal da USP no Ar, Dorli Kamkhagi, psicóloga e psicoterapeuta do Laboratório de Neurociências do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP, diz que “nesse momento, em que nos sentimos presos de algum jeito, precisamos mudar nossos hábitos, como sair de casa e andar, precisamos trabalhar isso internamente, porque não vamos poder fazer todas as coisas, mas temos outras possibilidades”.
Após passar pelo momento inicial de bombardeamento de informações e primeiros dias de isolamento social, a reação generalizada foi de angústia e ansiedade. A psicóloga exemplifica algumas reações das pessoas, como maior agressividade ou silenciamento. Ela explica que isso pode ser mudado: “Em primeiro lugar, é cada um cuidar de si [e se perguntar]: o que e como eu estou me sentindo? O que eu posso fazer para melhorar?”, ela sugere. Ao fazer essas perguntas, a pessoa dá o primeiro passo e caminha para cuidar de si mesma.
A psicoterapeuta enfatiza que é importante manter uma rotina em casa. Como nesse momento não é possível ir à academia, por exemplo, podemos nos adaptar e exercitar em casa, bem como trabalhar em home office; adultos podem criar e manter uma rotina de afazeres, com atividades lúdicas para crianças: a leitura e escrita também são boas práticas neste momento; já os idosos, que já possuem um histórico de sofrimento pela idade, podem resgatar a memória ao ver fotografias antigas e conversar sobre momentos felizes em família com filhos e netos.
“Está sendo um momento difícil, mas temos percebido que cada um possui possibilidades. É isso que chamamos de resiliência, que é a capacidade dos seres humanas em se adaptarem”, destaca Dorli Kamkhagi. As pessoas que necessitarem de ajuda devem buscar, e as que passam por tratamento e tomam medicamentos não podem parar por conta própria. Ela conta que formou um grupo no IPq e tem feitoatendimento on-line de seus pacientes, e que outros médicos e instituições também têm se adaptado a essa nova realidade. “Não precisamos ser Polianas e ver tudo belo, mas também nem tudo é catastrófico. […] Cada um de nós vai ser o guardião da sua saúde emocional: e tudo isso vai passar.”
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