Adaptação ao uso dos Psicofármacos

Medicamentos em psiquiatria
Psicofármacos

Início do Tratamento – Adaptação aos Psicofármacos

A adaptação ao uso dos psicofármacos é rotina nos tratamentos dos transtornos mentais. É comum haver um período para que o organismo possa se adaptar à nova substância; essa duração varia de pessoa para pessoa e depende da sensibilidade orgânica à substância sendo introduzida.

O período de adaptação também é individualizado, mas os sintomas ou incômodos costumam durar entre 1 e 2 semanas. Geralmente são toleráveis, mas algumas vezes podem ser mais intensos e dificultar a manutenção de uso.

Muitas vezes, o desconhecimento sobre essa possibilidade tem maior efeito negativo do que a própria sintomatologia de adaptação. O indivíduo que procura um tratamento psiquiátrico já está vulnerável e receoso pela própria situação em si; além da desinformação, possui crenças distorcidas sobre os psicotrópicos e, consequentemente, muitos medos. Nesse estado psíquico, qualquer sensação estranha no corpo é vista como ameaçadora.

Os portadores de transtornos ansiosos, em particular, são muito sensíveis à introdução de um novo medicamento, pois já estão alertas e resistentes em relação a qualquer coisa que represente possível risco. Dessa forma, geralmente são os que mais sofrem nesse período.

A consciência sobre essa possibilidade e a respectiva orientação no início de um tratamento colaboram para que o paciente tenha maior tolerância aos sintomas até que os benefícios surjam. Além disso, o fato de saber antecipadamente que se trata de uma adaptação do organismo à nova substância – além de que o risco é baixo e a duração desse estado é breve – gera tranquilidade e segurança.

A titulação da dose como atenuador

Nos estados moderados e graves, a titulação da dose é um procedimento comumente adotado por alguns psiquiatras, no intuito de tornar a adaptação mais fácil, mais suave e mais tolerável. Nesse procedimento, o tratamento é iniciado com a metade da dose ou, até mesmo, com uma porção menor; a dose é aumentada progressivamente a cada 5 dias – ou outro intervalo – até a dose final pretendida.  Esse método não é necessário para todos os indivíduos, pois nem todos têm dificuldade de adaptação. Porém, torna-se particularmente útil para pessoas com alto grau de ansiedade.

Convém lembrar que tanto o processo de adaptação como o efeito de um determinado psicotrópico no organismo são individualizados; sendo assim, o mesmo medicamento pode ser bom para uma pessoa e intolerável ou não efetivo para outra.

Se os sintomas de adaptação ao medicamento forem intensos e se estenderem para além do período entre 7 e 10 dias, é conveniente que o médico seja contatado.

Flávio Vervloet