Existe um grande número de pessoas com transtorno de pânico – ou até mesmo com hipocondria – que apresentam temor a medicamentos; associam seu uso à possibilidade de perder o controle. Se, em algum momento, sofreram algum efeito colateral em decorrência do uso de um determinado medicamento, generalizam cognitivamente e passam a acreditar que todos são perigosos e farão mal à saúde. Associam, ainda, ao risco de algum mal súbito. Esse temor cria uma situação de bloqueio ao meio que traria alívio aos seus sintomas.
Em consequência da ausência de tratamento, os sintomas tendem a piorar e geram uma série de dificuldades e disfunções para a vida, principalmente para as relações interpessoais. Um exemplo disso é a reação de impaciência dos familiares e pessoas próximas ao paciente ao não perceberem melhoras ou mudanças, o que provoca sentimentos de tristeza e constrangimento e piora o quadro clínico.
Uma das alternativas para essa situação é buscar o acompanhamento de um psiquiatra que inicie o tratamento com pouca medicação e benzodiazepínicos (ansiolíticos). Dessa forma, a pessoa primeiramente aliviará o medo de medicação para, em seguida, tratar o transtorno de pânico propriamente dito. Outra opção é o acompanhamento psicoterápico – particularmente a terapia cognitiva – concomitante ao uso do medicamento.
Flávio Vervloet