Medo de dependência em psicoterapia
É freqüente no relato dos pacientes, principalmente os que estão iniciando um trabalho terapêutico, à referência de medo de dependência psicológica ao profissional. Isto leva a algumas pessoas a não procurarem tal tratamento ou a desistirem antes de verem algum resultado.
Em psicoterapia a pessoa a ser trabalhada em toda a sua complexidade, e características, é sempre o mais importante. O papel do profissional é assessorar o processo, facilitar e possibilitar uma reflexão profunda do paciente. Por mais ativo que seja o terapeuta ele ficará limitado até aonde o individuo está pronto ou disposto a ir.
Outro fator importante é o fato de que nos transtornos psíquicos bem definidos ou nos processos de ajuda psicológica em áreas mais focadas, por terem um caráter mais breve, de não mais que seis a oito meses de tratamento, o risco de algum tipo de dependência psicológica é muito baixa.
Nos processos de tratamento mais estruturais e de caráter existencial, que geralmente são mais longos, esta possibilidade pode existir. A psicanálise se utiliza deste vinculo mais próximo para possibilitar seu trabalho, mas isto é explicito e faz parte do processo deste tratamento.
Nas outras abordagens, quando isto ocorre, indica um desvio do processo. As terapias de base humanistas e transpessoais o foco está no paciente, isto é, se busca ativar o potencial curativo de quem é tratado.
Neste sentido é importante sempre lembrar que nestas abordagens o terapeuta só consegue levar os pacientes aonde ele mesmo já foi. Aqui a técnica e o conhecimento teórico não são o bastante, é necessário para um adequado procedimento e condução terapêutica de maturidade, muita abertura e respeito ao outro.
É sempre importante nos lembrarmos que ao evitarmos nosso trabalho psicológico pessoal, pelo receio de dependência, estaremos nos mantendo dependentes de nossos padrões distorcidos de pensamentos, emoções e comportamentos, esquemas, scripts, modos de vida, crenças limitantes e todas as suas conseqüências em nossas vidas.
Por Flávio Vervloet