Para além do transtorno, todo mundo se sente ansioso de vez em quando — e é melhor que seja assim. É que a ansiedade é ativada pelo circuito do medo e da ameaça no cérebro, que nos protege de perigos. É esse circuito que faz você olhar antes de atravessar a rua ou, em situações mais extremas, ter forças para correr e brigar.
Quando está ativo e trabalhando a todo vapor, o sistema límbico, responsável por essas reações, coordena um verdadeiro exército dentro do seu corpo. Ele estimula a liberação de adrenalina e ordena a glândula adrenal a produzir mais cortisol, um hormônio que, por sua vez, ajuda a fazer o coração bater mais rápido e manda o fígado fornecer mais açúcar ao sangue. “O problema é que, nas pessoas ansiosas, isso ocorre com maior frequência, dura mais tempo e é disfuncional, pois não as protege; pelo contrário, atrapalha a vida”, destaca a psiquiatra Gisele Gus Manfro, coordenadora do Ambulatório de Ansiedade do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
O gatilho para essas reações varia muito. É por isso que a ansiedade é considerada um transtorno, não uma doença, e há diversas classificações. Além do transtorno de ansiedade generalizada existem o pânico, a ansiedade social, as fobias (um medo tão extremo que paralisa), o transtorno de separação, o transtorno de estresse pós-traumático e o transtorno obsessivo compulsivo. Cada um deles tem características próprias, ainda que, de modo geral, todos sejam ativados pelos mesmos circuitos.
E todos têm alguma relação com a juventude. O transtorno de pânico, por exemplo, se manifesta entre 15 e 25 anos. Depois disso, dificilmente uma pessoa desenvolverá o distúrbio. Se não curadas até os 18 anos, as fobias, em geral, permanecem pelo resto da vida.
Contudo, se uma vez ou outra a ansiedade pode trazer benefícios, quando fica fora de controle ela representa um grande perigo para a saúde. A estimativa dos especialistas é de que quatro a cada cinco casos de depressão sejam resultado de algum tipo de ansiedade não tratado. Juntas, elas são uma das principais causas de suicídio no mundo. Além disso, o excesso de cortisol causado pelas crises também aumenta o risco de diabetes, hipertensão e outras doenças cardíacas.