Ansiedade: as origens do transtorno e como sobreviver a ele

O transtorno de ansiedade atinge 13,2 milhões de pessoas só no Brasil. Entenda os riscos desse problema à saúde e o que fazer para superá-lo.

Com as mãos suando, o coração na boca, um nó no estômago e uma dor de cabeça bem no fundo dos olhos, fui até ela. “Respira fundo e pressiona o dedão do pé contra o chão para se distrair”, repetia para mim mesma. Na noite anterior, havia praticado a conversa em frente ao espelho do banheiro, pensando em respostas para as possíveis perguntas e reações que minha chefe poderia ter.

E se ela me perguntasse o motivo pelo qual eu gostaria de tirar a folga a que eu tinha direito? E se dissesse não? E se gritasse? Eram muitos “e ses”. E eles me acompanharam quando deitei na cama. E se toda vez que precisasse conversar com um chefe tivesse que passar por isso? Passei a noite confabulando sobre os cenários possíveis. Nenhum deles me preparou para o que ela diria.

“Como assim você quer tirar a sua folga na segunda, quem você pensa que é?”, disse. “Em geral esse é o dia mais tranquilo, quando começamos a planejar a semana”, arrisquei. “Você não vai começar a chorar, vai?”, respondeu com desdém. Engolindo as lágrimas, concordei com tudo o que ela disse, fui ao banheiro e desabei. Sabia que estava exagerando, que era só uma folga. Mas não conseguia me controlar.

Secretamente, comecei a torcer para ser demitida. Seria muito mais fácil do que ter que explicar aos meus pais e aos meus amigos que eu havia pedido demissão do tal emprego dos sonhos. Mais fácil do que admitir que, ao contrário dos meus colegas, eu não lidava bem com a pressão. Ao mesmo tempo, o medo de fazer algo errado e ter que encarar um dos chefes tensionava meu pescoço e ombros e consumia meu apetite. Voltava para casa exausta, com dores de cabeça tão fortes que nenhum analgésico fazia efeito.

As ligações para os meus pais se tornaram diárias, cada vez mais chorosas, com reclamações que iam do trabalho às pessoas com quem eu morava, passando por observações sobre o quão difícil era se adaptar a São Paulo. Apesar de sentir que nada estava bem, só reconheci isso de fato quando, ao voltar de uma jornada de 12 horas e quase me envolver em um acidente, meu primeiro pensamento foi “que pena que nada aconteceu, assim não precisaria continuar indo trabalhar”. Ao finalmente buscar ajuda médica, fui diagnosticada com transtorno de ansiedade generalizada e depressão.

Não apenas entrei para a estatística como sou a personalização dela: mulheres jovens são o grupo mais afetado. Segundo os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) — de 2017, ano seguinte ao meu diagnóstico —, o Brasil é o 11º país mais ansioso. São 13,2 milhões de pessoas com algum transtorno de ansiedade.

Mas Bernik faz ressalvas em relação aos números da OMS: por se tratar de transtornos de diagnóstico complexo, há de se levar em conta, por exemplo, a metodologia de pesquisa (investigadores leigos costumam dar mais falsos positivos) e as diferenças culturais entre as populações. “É difícil comparar dados do Brasil com a Ásia, por exemplo. Em alguns países de lá não existe nem uma palavra para expressar tal sofrimento.” De todo modo, ele afirma que há, sim, evidências de aumento de ansiedade generalizada entre os jovens de áreas urbanas em países ricos ocidentais.

As causas desse transtorno estão relacionadas a preocupações excessivas com o futuro e ao medo de perder o controle das situações. Para os millennials, geração da qual fazem parte os nascidos entre as décadas de 1980 e 1990, lidar com essas dificuldades tem se tornado especialmente difícil.

No livro Generation Me: Why Today’s Young Americans Are More Confident, Assertive, Entitled — and More Miserable Than Ever Before(Geração Eu: Por que os Jovens Americanos de Hoje Estão Mais Seguros, Assertivos, Mimados — e Mais Tristes do que Jamais Estiveram, em tradução livre, sem edição no Brasil), a psicóloga Jean Twenge explica que essa é uma geração com expectativas muito altas em relação ao futuro.

O termo comumente usado entre os especialistas para denominar o modo de educar dos pais dos millennials, os baby boomers, é helicopter parenting, ou “parentalidade helicóptero”, porque acompanham muito de perto a vida dos rebentos. Frutos de uma geração que viveu duras crises e até mesmo guerras, eles se convenceram de que a melhor maneira de serem felizes era conseguir empregos seguros e estáveis, mesmo que não fossem exatamente na carreira que desejavam. Ao se tornarem bem-sucedidos, decidiram dar aos filhos tudo que não tiveram. No entanto, talvez sem intenção, fizeram os millennials acreditar que são muito especiais e podem obter o que desejam.

Na vida real, não é bem assim. E, não bastasse a frustração de perceber isso, eles estão constantemente se comparando uns aos outros, graças às redes sociais, o que provoca mais angústia e insegurança. Por enquanto, porém, faltam evidências científicas que comprovem a relação entre as redes sociais e o aumento da ansiedade.

Mesmo assim, volta e meia surgem pesquisas que circundam o tema: uma publicada em setembro de 2019 no periódico Jama Psychiatry, por exemplo, feita com 6,6 mil adolescentes (de 12 a 15 anos) dos EUA, identificou que quem passa mais de três horas por dia nas redes têm maior probabilidade de desenvolver transtornos de saúde mental como depressão, ansiedade, agressão e comportamentos antissociais.

Tudo sob controle?

O relatório Stress in America, publicado em 2015 pela Associação Americana de Psicologia, mostrou que essa geração apresenta índices mais altos de estresse que as outras. A grande maioria, 82%, afirmou ter tido algum sintoma de ansiedade generalizada nos 30 dias anteriores à pesquisa.

E enquanto 36% dos millennials disseram estar mais ansiosos do que estavam um ano antes, entre os nascidos entre a metade dos anos 1960 e o final dos anos 1980 essa porcentagem foi de 30%, e entre aqueles que nasceram entre 1946 e 1964, de 24%. “Nos últimos anos, houve um aumento muito importante na competitividade e no grau de exigência, e isso certamente gera ansiedade”, explica Bernik. “Ao mesmo tempo, pessoas ansiosas são muito valorizadas nessa cultura, pois costumam desempenhar suas tarefas com excelência pelo simples medo de fracassar.”

Mas bom desempenho acaba assim que a conta dos anos vividos com ansiedade chega — o que, é verdade, pode demorar. É possível conviver com o distúrbio por até 15 anos antes de apresentar sintomas físicos incapacitantes.

Foi o que ocorreu com a assessora de imprensa Marilia Quezado. Criada em uma família dividida entre Fortaleza, Florianópolis e Ancona (Itália), ela foi acostumada a “se virar sozinha” desde cedo. Aos 12, já fazia a própria matrícula na escola. “Sempre fui muito certinha e procurei fazer exatamente o que achava que os outros esperavam de mim”, revela. Foi aprovada no vestibular, ficou noiva e conseguiu um estágio que se tornaria um emprego após a formatura. Aos 25, tudo parecia estar como deveria ser.

Mas ela se sentia cada vez mais angustiada. O noivado veio no momento em que ela cogitava terminar o namoro e quando a carga de trabalho aumentou. Passou a não conseguir entregar as tarefas, a ignorar o noivo e emagreceu três quilos. “Eu sentia que não conseguia lidar com aquilo, mas, ao não lidar, acabou virando uma bola de neve.”

A avalanche veio poucos meses depois, quando o noivado já tinha terminado. Para parar de tremer e suar e conseguir trabalhar, ela se automedicava com anti-hipertensivo. “Até que um dia vi que não teria jeito de ir. Mandei um e-mail para o meu chefe pedindo demissão, me tranquei no banheiro e só conseguia chorar descontroladamente, meu corpo inteiro travou.”

Nos meses seguintes, os sintomas diminuíram, mas ela continuou sentindo picos de exaustão. “Vivo pensando no futuro, em qual vai ser meu próximo passo”, diz. “Nunca achei que tinha algo de errado na forma como eu me sentia e demorei a perceber que tinha direito de pedir ajuda”, completa Quezado, que somente em 2017, depois de cinco meses da primeira crise, marcou uma consulta com uma psicóloga.

Essa busca por mecanismos de controle é muito comum entre pessoas ansiosas e ajuda a retroalimentar o ciclo. “A pessoa imagina o futuro e cria imagens em busca de soluções para aquilo que considera um problema, mas isso não leva a nada e só gera mais ansiedade”, explica o psiquiatra Isaac Efraim, especialista em transtornos de ansiedade.

Um estudo da Universidade do Estado da Pensilvânia, nos EUA, publicado em outubro  de 2019 no Journal of Affective Disordersidentificou que ansiosos propositalmente evitam relaxar em exercícios de descontração. Essa seria uma tentativa de impedir mudanças repentinas, seguindo uma lógica de que é melhor continuar se preocupando constantemente do que relaxar e, talvez, voltar a se preocupar.

Tá ruim, mas tá bom

Para além do transtorno, todo mundo se sente ansioso de vez em quando — e é melhor que seja assim. É que a ansiedade é ativada pelo circuito do medo e da ameaça no cérebro, que nos protege de perigos. É esse circuito que faz você olhar antes de atravessar a rua ou, em situações mais extremas, ter forças para correr e brigar.

Quando está ativo e trabalhando a todo vapor, o sistema límbico, responsável por essas reações, coordena um verdadeiro exército dentro do seu corpo. Ele estimula a liberação de adrenalina e ordena a glândula adrenal a produzir mais cortisol, um hormônio que, por sua vez, ajuda a fazer o coração bater mais rápido e manda o fígado fornecer mais açúcar ao sangue. “O problema é que, nas pessoas ansiosas, isso ocorre com maior frequência, dura mais tempo e é disfuncional, pois não as protege; pelo contrário, atrapalha a vida”, destaca a psiquiatra Gisele Gus Manfro, coordenadora do Ambulatório de Ansiedade do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

O gatilho para essas reações varia muito. É por isso que a ansiedade é considerada um transtorno, não uma doença, e há diversas classificações. Além do transtorno de ansiedade generalizada existem o pânico, a ansiedade social, as fobias (um medo tão extremo que paralisa), o transtorno de separação, o transtorno de estresse pós-traumático e o transtorno obsessivo compulsivo. Cada um deles tem características próprias, ainda que, de modo geral, todos sejam ativados pelos mesmos circuitos.

E todos têm alguma relação com a juventude. O transtorno de pânico, por exemplo, se manifesta entre 15 e 25 anos. Depois disso, dificilmente uma pessoa desenvolverá o distúrbio. Se não curadas até os 18 anos, as fobias, em geral, permanecem pelo resto da vida.

Contudo, se uma vez ou outra a ansiedade pode trazer benefícios, quando fica fora de controle ela representa um grande perigo para a saúde. A estimativa dos especialistas é de que quatro a cada cinco casos de depressão sejam resultado de algum tipo de ansiedade não tratado. Juntas, elas são uma das principais causas de suicídio no mundo. Além disso, o excesso de cortisol causado pelas crises também aumenta o risco de diabetes, hipertensão e outras doenças cardíacas.

Prejuízo

Um estudo norte-americano mostrou que a ansiedade pode diminuir a produtividade no trabalho em cinco dias por mês — mesmo tempo de afastamento de quem está com tuberculose, por exemplo. Se calculados os efeitos disso em perda financeira, a estimativa é de que os transtornos de ansiedade sejam responsáveis por uma “não produção” de US$ 4,1 bilhões por ano nos EUA.

Relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) divulgado em março de 2019 confirma que os transtornos mentais respondem por mais de um terço do número total de incapacidade nas Américas. No Brasil, esses distúrbios estão entre as principais causas de afastamento do trabalho, de acordo com o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). Em 2017, só os transtornos de ansiedade foram responsáveis por 28,9 mil afastamentos; a depressão, por 43,3 mil.

Segundo a Associação de Ansiedade e Depressão dos EUA, o transtorno de ansiedade custa US$ 42 bilhões por ano, quase um terço dos gastos com saúde mental no país. Mais da metade dessas despesas dos ansiosos se devem a visitas ao pronto-socorro. Os sintomas físicos que levam à emergência, aliás, não raro mascaram e tardam a busca por tratamento adequado.

A historiadora Ana Cristina Peron, de 25 anos, passou por isso. Aos 8, sentia fortes dores no estômago antes de ir para a aula. Buscou um gastroenterologista, fez endoscopia e, diante da confirmação de que não havia nada de errado no estômago, o médico chegou à conclusão de que a causa era nervosa. A menina tinha medo da professora.

Na faculdade, os sintomas se agravaram. A dor no estômago virou dor no peito e ela passou a viver com uma sensação constante de estar no limite, muito feliz ou muito triste, sem meio–termo. “Quando finalmente marquei uma consulta no psiquiatra, cheguei a sonhar com ela, porque eu queria ter alguma coisa que justificasse essas sensações para que pudesse receber ajuda e tratamento”, diz Peron, que foi diagnosticada com transtorno de ansiedade e início de depressão.

Situação parecida foi a do escritor baiano Matheus Rocha, 28. Desde criança, sentia palpitação e dificuldade para dormir, fez até exames para investigar algum problema cardíaco. Na adolescência, passou fins de semana inteiros sem dormir. Nas noites em claro tentava antecipar o futuro, pensando em como estaria dali a cinco anos, para evitar que seus problemas virassem uma bola de neve. Foi só há quatro anos, com o fim de um relacionamento, que resolveu procurar ajuda e teve o diagnóstico. “A gente menospreza a dor emocional. Se sente uma dor física, vai logo procurar o médico para ver o que está errado”, diz.

E agora, José?

A cura para esses transtornos é desconhecida, mas existe tratamento — embora os investimentos estejam muito abaixo do necessário, segundo o relatório da Opas. Em média, 2% do orçamento de saúde dos países latino-americanos são destinados à saúde mental, dos quais 60% vão para hospitais psiquiátricos.

“Os países de baixa renda, em particular, agravam sua carência de recursos ao alocarem escassos fundos em hospitais psiquiátricos. Isso significa que as pessoas com os problemas de saúde mental mais comuns, como depressão, ansiedade e outros transtornos que podem ser eficientemente atendidos na comunidade, ficam sem atendimento”, escreveu em uma nota a assessora regional da Opas em Saúde Mental, Claudina Cayetano.

O tratamento engloba ações que vão além de medicamentos, mesmo que eles sejam o passo inicial. Os médicos costumam prescrever ansiolíticos ou antidepressivos, que atuam na região do cérebro que provoca as sensações de desconforto. Mas, ao contrário de doenças infecciosas, para as quais há remédios com doses bem definidas, para os distúrbios mentais os efeitos da medicação variam de pessoa para pessoa.

Encontrar o tipo e a dose ideal para cada caso exige tempo e paciência. Eles demoram cerca de dez dias para começar a fazer efeito, e as reações colaterais podem ser desanimadoras. As mais comuns são diminuição da libido e dificuldade de ereção e de alcançar o orgasmo. As estimativas apontam que, em média, 60% dos afetados reclamam desses efeitos.

Os remédios apenas controlam as reações do corpo para que o paciente tenha o mínimo de capacidade para aprender a lidar com as situações — logo, o acompanhamento psicológico é fundamental. Para ansiedade, a terapia mais recomendada é a cognitiva comportamental, focada em interromper certos comportamentos. Sua taxa de eficácia é de 51% contra 4% da psicoterapia analítica. “É necessário entender como as emoções funcionam e ajudar o paciente a reformular valores, a soltar o pensamento, a aceitar o que chega até ele e a se conformar com algumas situações”, diz Efraim. “Se não, a tendência é a ansiedade voltar.”

Além do combo medicamento e terapia, medidas para relaxar são importantes. E aí a situação complica de vez: convencer as pessoas de que precisam praticar mais esportes é outro desafio. “Não tem jeito, o tratamento requer mudanças de vida muitas vezes radicais”, afirma o psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria.

No relatório Stress in America, 10% dos que admitiam ter ansiedade disseram não ter feito nenhuma mudança no estilo de vida por estarem estressados. Entre os que estavam ansiosos, mas não admitiam, o índice subiu para 21%.

A atividade física é tão importante porque funciona como um remédio produzido pelo próprio corpo, estimulando a liberação de substâncias que ajudam na autorregulação do organismo e causam prazer e relaxamento.

Efeitos parecidos são observados com a prática de meditação, ou mindfulness, na versão não religiosa. Com a ajuda da respiração, a técnica milenar ensina a manter o foco no presente. Há diversos estudos que apontam os efeitos positivos do mindfulness para a saúde, especialmente a mental. Um deles, de Harvard, notou que a amígdala, uma das estruturas cerebrais envolvidas na reação de luta ou fuga, diminuiu em quem pratica mindfulness.

Outra vantagem da técnica é que não é preciso gastar muito para parar e respirar. Isso pode ser feito no conforto de casa, e há inclusive aplicativos gratuitos para ajudar a orientar a prática do mindfulness. Um dos mais populares é o Headspace, que tem mais de 6 milhões de usuários no mundo todo. E não desanime se no início não resistir e pegar no sono: segundo um estudo publicado em novembro na revista científica Nature Human Behaviour, o sono profundo é um ansiolítico natural, desde que ocorra todas as noites. Passar a noite em claro aumenta em 30% o risco de ter ansiedade.

Ainda mais atual que a prática de mindfulness são as mudanças na forma pela qual lidamos com o transtorno. Nos últimos anos, mais e mais ações chamam a atenção para o assunto com o objetivo de quebrar o estigma. De campanhas específicas e datas de conscientização a celebridades e seriados que abordam a questão, tudo contribui para diminuir sentimentos de culpa, vergonha e o próprio sofrimento. Matheus Rocha está entre os que engrossaram o coro: ele já escreveu dois livros sobre o tema. “Os lançamentos se tornaram também uma oportunidade de conhecer outras pessoas que passam por isso”, diz.No quinto episódio da quarta temporada da série This is Us, que foi ao ar no fim de outubro de 2019, a abordagem ficou bastante evidente. Quando a filha de Randall (um dos personagens principais), cuja ansiedade foi retratada ao longo das temporadas, sofre um ataque de pânico, Randall sofre junto por acreditar que passou o traço para a filha. Até que Beth, sua esposa, usa uma técnica para acalmá-los: observar as bolhas de água com gás pararem de borbulhar — eventualmente, isso ajudaria a tranquilizar os pensamentos. “Depressão, ansiedade e ataques de pânico não são sinais de fraqueza. São sinais de tentar se manter forte por tempo demais”, escreveu no Instagram o ator Sterling K. Brown, que interpreta Randall, quando o episódio foi ao ar.

Três anos depois do diagnóstico, essa foi talvez a abordagem que mais me ajudou. Nesse período, fiz de tudo: repensei planos de carreira e percebi que a vida em redações talvez não seja a mais indicada para mim, passei a frequentar mais a piscina para nadar, mudei de país em busca de novos ares e tive recaídas que preocuparam minha família. Fiz psicanálise, mindfulness, terapia interpessoal e agora vou experimentar a transpessoal. Saí do Instagram, voltei, saí de novo. No ano passado, tatuei no pulso “Be kind to yourself” (em inglês, pois achei a tradução “seja gentil consigo mesma” longa demais), um lembrete de que aceitar que os distúrbios são crônicos e que posso apenas controlá-los é o que os torna menos incômodos. O que me preocupa é perceber que, se tudo continuar como está, a tendência é que cada vez mais pessoas passem para o lado de cá da estatística.

Revista Galileu